quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

29 de Janeiro de 2013


Hoje foi um daqueles dias de "cão"!
Minha avó acordou aproximadamente às 9h20min, após mais de 12h de sono ininterrupto. Ajudei-a a se locomover até a cozinha, onde tomou café e, posteriormente, até o banheiro, onde pediu para usar o vaso. Ela fica de fralda durante todo o dia, mas em alguns momentos a levamos até o vaso e a incentivamos a usá-lo. Em seguida levei-a de volta ao quarto, onde troquei sua roupa e lhe coloquei uma fralda limpa. Percebi logo que seu humor estava alterado. Geralmente, nos dias em que percebemos que levanta de mau humor, já sabemos que em algum momento o "bicho vai pegar"!
Ela pediu para deitar outra vez na cama e achei por bem não insistir. Lá ficou até aproximadamente 11h. Minha mãe chegou e achamos melhor convencê-la a se levantar, temendo que não sentisse sono à noite. Liguei a TV num programa infantil e deixei-a assistindo. Até então ela ainda não havia começado sua "novena" de pedir para voltar para sua casa!
Porém, às 12h, quando a levamos para a cozinha para almoçar, os delírios recomeçaram: ela voltou a questionar sobre a casa onde seus pais moravam, alegando que gostaria de voltar a morar lá. Tentamos explicar que ela agora mora aqui, na sua casa, mas foi em vão.
Aproximadamente às 13h ela começou a mostrar impaciência, negando-se a conversar e insistindo que precisava voltar para sua casa. Pediu a chave e tentou levantar sozinha da cadeira. Resolvemos levá-la para um passeio na calçada com esperança de que ela visualizasse sua casa e recordasse que vive aqui. Geralmente isso funciona, mas, dessa vez, tudo deu errado! Ela começou a andar na direção contrária, alegando que sua casa ficava naquele rumo (onde antigamente ficava a casa dos seus pais). Na tentativa de convencê-la a voltar na direção correta, ela começou a ficar extremamente agressiva, empacou no meio da rua e ameaçou começar a gritar! Foi uma verdadeira luta conseguir fazê-la caminhar de volta para sua casa! Ao visualizar a entrada, ela recusou-se a entrar, insistindo que aquela não era sua casa e xingando minha mãe. Foi um verdadeiro circo! Quando finalmente conseguimos fazê-la entrar na casa, praticamente arrastada, acabei perdendo a paciência e fiquei brava, coisa que nunca faço, o que a deixou magoada e me causou grande arrependimento. A levamos para o quarto e a convencemos a deitar um pouco na cama. Ela nos xingou de todos os nomes cabíveis e ficou deitada, chorando e se lamentando por quase 1h. Depois acabou dormindo outra vez e assim a deixamos até às 15h30min, mais ou menos. 
Confesso: nossa vontade era de deixá-la na cama pelo resto do dia! Eu senti um extremo mal estar somente em pensar em vê-la novamente acordada!
Eu e minha mãe ficamos muito abaladas com esse surto de agressividade. Todos os dias ao lado da minha avó são sob intensa pressão e angústia, mas alguns, como o dia de hoje, são ainda piores. Fiquei com o estômago embrulhado e minhas pernas tremeram por horas. 
Por fim, consegui tirá-la da cama e a convenci a tomar café com pão. Ela acordou extremamente mau humorada, xingando minha mãe e acusando-a de lhe ter agredido. Só aceitou tomar café porque eu a levei. Notei que ela, nesse momento, já havia esquecido do momento em que eu perdi a paciência com ela horas antes. Após tomar café, consegui convencê-la a usar o banheiro e tomar banho. Ela relutou, mas acabou permitindo porque eu prometi que daria banho nela no lugar da minha mãe. Coloquei-a na cadeira de banho e, com a ajuda da minha mãe (que ficou fora de sua visão, para não irritá-la) demos o banho e depois a levamos de volta para o quarto, onde lhe vestimos uma roupa limpa. Em seguida a ajudei a sentar no sofá da sala e 2 amigas suas chegaram para vê-la (uma delas minha tia avó e a outra uma vizinha). Isso ajudou a distrai-la por um tempo. Meu pai ficou com ela das 17h às 18h, quando eu e minha mãe saímos para caminhar e espairecer um pouco. Quando voltamos, meu pai disse que precisou levá-la para a rua mais uma vez para convencê-la de que ali era sua casa (de novo! É assim o dia todo! O dia TODO!), e que, dessa vez, tudo havia dado certo. Eu e minha mãe fomos para casa, tomamos banho e resolvi descansar um pouco antes de voltar para a casa da minha avó. Minha mãe voltou antes e depois descobri que o "bicho pegou" novamente! Minha avó ainda estava com raiva da minha mãe e deu outro show! Chorou por quase 1h enquanto assistia a missa na Rede Vida. Minha mãe disse que sentou ao seu lado no sofá e ignorou seu choro. Nota: concluímos após muitas experiências drásticas que ignorar é o melhor remédio! O choro chega ao fim e ela acaba se acalmando sozinha! Depois disso minha mãe conseguiu convencê-la a tomar seus remédios e a jantar um pouco. Quando cheguei, às 20h, ela ainda falou algumas vezes que aqui não era sua casa, mas parecia conformada com a ideia de que eu e ela dormiriamos juntas aqui hoje! Estava mais calma e aceitou ir até o banheiro escovar os dentes e depois ir para o quarto e deitar. Em vários momentos ela olhava ao redor, para os móveis e objetos da casa, e comentava que era curioso como essa casa têm as MESMAS coisas que a casa dela! Tragicômico!
Por fim conseguimos colocá-la na cama às 20h30min e lá ela está há duas horas enquanto escrevo no notebook. Parece já estar dormindo profundamente. Passarei mais essa noite aqui, em sua companhia, e veremos como será o dia de amanhã. Não estou nem um pouco ansiosa para saber, pelo contrário: a expectativa de mais um show de choro e agressividade amanhã me causa certo pânico. É uma sensação difícil de descrever! É como eu sempre digo: só quem passa ou já passou por uma situação parecida sabe o QUANTO pode ser desesperador!
Ficarei por aqui somente mais 4 dias e meio e retornarei para Belo Horizonte (cidade onde moro). Temo imensamente pela saúde da minha mãe quando eu me for!

Nenhum comentário: