quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sem muitas novidades

Não tenho muitas novidades para relatar aqui.
 
Como não estou mantendo contato diário com a minha mãe nas últimas semanas, tive notícias da minha avó apenas nos dias em que eu e minha mãe conversamos pelo telefone.
 
A situação está, aparentemente, na mesma.
 
Minha avó segue tomando 500mg de Fumarato de Quetiapina todas as noites, porém, continua insistindo várias vezes ao dia para "voltar para casa" e, em alguns momentos, tem suas crises de agressividade. Como já imaginávamos, o medicamento ajudou, mas não resolveu.
 
Há algum tempo minha vó começou a não reconhecer minha mãe em alguns momentos. Essa é a única novidade, que, por sinal, não é nada boa.
 
Minha mãe contou que, um belo dia, minha avó começou a dizer que não sabia quem ela (minha mãe) era, alegando que não tinha nenhuma filha. Acredito que essa será a próxima (e pior) fase de seu Alzheimer: começar a se esquecer da gente.
 
Impossível não ficar triste com isso tudo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Casca de romã previne o mal de Alzheimer, mostram pesquisas da USP

Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, demonstrou que a casca da romã pode prevenir o surgimento do mal de Alzheimer.

 "Isso se deve ao fato de que a quantidade de antioxidante presente na romã é elevada", comenta a autora do trabalho, a pesquisadora Maressa Caldeira Morzelle, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição. A pesquisa, uma dissertação de mestrado, foi feita sob a orientação da professora Jocelem Mastrodi Salgado, também da Esalq.

Morzelle identificou uma enzina com atuação específica na prevenção do mal de Alzheimer, doença degenerativa e atualmente incurável que afeta, na maioria dos casos, idosos com idade entre 60 e 70 anos. No Brasil, cerca de 900 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença.

Morzelle elaborou, em sua pesquisa, uma forma de processamento para que o produto seja industrializado em cápsulas. Ela buscou alternativas que pudessem concentrar todo o extrato da casca, em pó, para ser diluído ou adicionado a sucos de outros sabores, levando em consideração os desafios do processamento e armazenagem, e o fato de que a adição do composto bioativo não poderia afetar as propriedades sensoriais do produto final. Segundo ela, os testes já permitem dizer que o produto foi aprovado e estará disponível para uso industrial.

Poder antioxidante

Antioxidantes são essenciais para a prevenção dos radicais livres, substâncias que produzimos em nosso organismo e que contribuem para o envelhecimento e surgimento de doenças. De acordo com a pesquisa, apenas na casca da romã é possível encontrar mais antioxidantes do que no suco e na polpa da fruta.

Segundo Morzelle, a casca da romã, quando industrializada, não teve sua atividade anticolinesterásica (inibidora de enzimas associadas ao Alzheimer) e sua capacidade antioxidante afetadas. "Desta forma, verifica-se o potencial para a indústria no emprego das microcápsulas à base do extrato da casca de romã como um ingrediente a ser incorporado na dieta, sendo um aliado na prevenção do mal de Alzheimer", conclui a pesquisadora.

O poder das frutas

Zilmar de Barros, outro pesquisador da casca da romã, constatou seu benefício na proteção a doenças degenerativas em 2011, quando defendeu sua dissertação de mestrado também na Esalq.

Para ele, não só a romã como outras frutas, especialmente as brasileiras, não recebem a devida atenção quando o assunto é saúde. "Desde a pré-história, as frutas desempenham papel importante na alimentação do homem, mas só agora começamos a prestar mais atenção aos fatores medicinais de seu consumo", comentou em sua dissertação.

Segundo o pesquisador, a romã tem efeito anti-inflamatório e possui elevada quantidade de antioxidante, especialmente na casca. "Elas são subaproveitadas, embora sejam uma excelente fonte de antioxidantes", comentou.

A pesquisa conduzida por ele demonstrou, ainda, que a casca de romã processada pode ser utilizada para fornecer a sucos industriais já comercializados no mercado sua característica antioxidante sem que alterações no sabor sejam registradas. O preparado desenvolvido por Barros, feito à base de um grama de casca de romã desidratada, quando adicionado aos sucos, aumenta em praticamente 30 vezes a capacidade antioxidante do suco ao qual é acrescentado.

Após essa adição, a taxa de antioxidantes manteve-se estável. "Isso é importante, já que, se for utilizado comercialmente, a estocagem não deve tirar as características do produto", informou. Segundo a Esalq, o composto foi aprovado para uso industrial e sua comercialização por empresas do setor está em fase de negociações.

Benefícios

Originária do sudeste asiático, a romã ganhou fama, no Brasil, graças às simpatias de fim de ano. Segundo o dermatologista Claudemir Peixoto, porém, os benefícios da fruta são desconhecidos da maioria das pessoas.
Segundo ele, os antioxidantes atuam no combate aos radicais livres que causam envelhecimento precoce, flacidez da pele, celulite, perda da elasticidade, rugas etc. "Por ter muito antioxidante, a romã também inibe a proliferação de melanócitos, prevenindo manchas na pele causadas pelo sol", comenta.

O chá da casca também é popularmente utilizado contra infecções de garganta, já que as cascas e sementes da fruta possuem propriedades anti-inflamatórias capazes de aderir à mucosa, protegendo-a e aliviando as dores. "Consumir romã, certamente, é um excelente ganho para a saúde", comenta o clínico geral Joaquim Ribeiro.
 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Relato sobre a última semana (7 a 14 de Fevereiro)

Conversei algumas vezes com a minha mãe pelo telefone nesse feriado e pude ter uma ideia de como está a situação com a minha avó.
 
O aumento para 400mg do Fumarato de Quetiapina ajudou, mas, pelo visto, ainda não foi o suficiente. Durante todos esses dias minha avó se manteve mais tranquila durante o dia e dormiu bem várias noites, porém, ainda teve algumas crises de agressividade. Sinceramente, não acho que isso vá mudar. O psiquiatra orientou minha mãe a agir da seguinte forma nos dias em que minha avó estiver muito agressiva: dar 100mg do Fumarato de Quetiapina durante a tarde e mais 400mg antes de dormir, totalizando 500mg num dia. Minha mãe fez isso alguns dias, mas não sei dizer se fez muita diferença.
 
A M. viajou essa semana e minha mãe está dormindo novamente todas as noites com a minha avó, mas os outros dias em que a M. dormiu foram muito bons para a minha mãe. É emocionalmente impossível cuidar de um idoso com Alzheimer sem ajuda e me sinto angustiada quando penso em todas essas famílias pelo mundo qu não têm condições financeiras de bancar um cuidador ao menos alguns dias por semana! Com alguém para ajudar já é MUITO difícil, sem ninguém eu diria que é inviável.
 
Minha mãe encontra-se desde então numa situação em que não pode mais se ausentar por 1 dia sequer da cidade em que mora pois minha avó fica extremamente agitada quando minha mãe se ausenta por algumas horas, quem dirá por um dia ou vários! A única distração da minha mãe era vir de vez em quando para BH me visitar e passar uns dias na minha casa, porém, agora, isso acabou.
 
Como é difícil ver as pessoas que amo terminarem suas vidas dessa forma! Meu avô teve um fim terrível, sofreu durante anos com sua insuficiência renal crônica e definhou até a morte com a hemodiálise... a família toda sofreu muito por todos esses anos, especialmente minha avó e minha mãe! E agora, 7 meses após a morte do meu avô, o Alzheimer da minha avó avança dessa forma e toda a família acaba mergulhando nesse sofrimento...! Como se as mazelas normais da terceira idade já não fossem o suficiente!
 
Ah, que me perdoe quem disse que a terceira idade é a "melhor idade", mas afirmo com todas as letras que essa frase é uma grande mentira! Atá agora, na minha família, a terceira idade está sendo a pior e mais tortuosa fase da vida, afetando a todos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Notícia curiosa sobre primeira "reversão" do Alzheimer!

Encontrei essa notícia pesquisando pelo Google e achei interessante e curiosa! É do início de Dezembro de 2011, ou seja, bem antiga, o que me fez desconfiar que talvez esse "tratamento" não tenha dado realmente certo a longo prazo!

De qualquer forma, achei válido postá-la aqui:
 
Alzheimer revertida pela primeira vez
 
 
Pela primeira vez, foi revertida a doença de Alzheimer em pacientes com a doença, há mais de um ano. Os cientistas usaram a técnica de estimulação cerebral profunda, que usa elétrodos para aplicar pulsos de eletricidade diretamente no cérebro. Investigadores canadianos, da Universidade de Toronto, liderados por Andres Lozano, aplicaram estimulação cerebral profunda em seis pacientes. Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória não só parou de encolher como voltou a crescer. Nos outros quatro, foi parado o processo de deterioração. Nos portadores de Alzheimer, a região do cérebro conhecida como hipocampo é uma das primeiras a encolher. O centro de memória funciona no hipocampo, convertendo as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Desta feita, a degradação do hipocampo revela alguns dos primeiros sintomas da doença, como a perda de memória e a desorientação. Durante a investigação, a equipa de cientistas canadianos instalou os dispositivos no cérebro de seis pessoas que tinham sido diagnosticadas com Alzheimer, há, pelo menos, um ano. Assim, colocaram elétrodos perto do fórnix, conjunto de neurónios que carregam sinais para o hipocampo, aplicando, depois, pequenos impulsos elétricos, 130 vezes por segundo. Após 12 meses de estimulação, um dos pacientes teve um aumento do hipótalamo de 5 por cento e, outro, 8 por cento. Esta descoberta pode levar a novos caminhos para tratamentos de Alzheimer, uma vez que é a primeira vez que foi revertida a doença. Os cientistas têm, contudo, ainda de conhecer mais sobre o modo como a estimulação funciona no cérebro.

Alzheimer ainda não tem cura, mas pesquisas avançam em várias frentes

Link original da pesquisa: DW notícias
 
Diagnóstico precoce, identificação de fatores de risco e novos medicamentos que reduzam a perda cognitiva e os sintomas dos pacientes afetados estão entre as prioridades de médicos e cientistas.
 
Quase um quarto das pessoas com mais de 85 anos sofre de perdas de memória relacionadas ao mal de Alzheimer, conforme mostram dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa apontada pelo relatório a Doença de Alzheimer no Mundo, publicado pela Alzheimer's Disease International (ADI), indica que em 2010 cerca de 35,6 milhões de pessoas viviam com algum grau de demência. A previsão é de que o número duplique em 20 anos e chegue a 115,4 milhões em 2050.
 
Dois terços dos casos de demência são relacionados a esse mal.
O Futurando desta semana mostrou uma pesquisa de ponta que pretende ajudar pacientes com o mal. Os médicos apresentados na reportagem trabalham na busca de um diagnóstico precoce, antes que a doença provoque lesões visíveis no tecido nervoso. Os pesquisadores querem reconhecer a presença da doença antes que seus sintomas – marcadamente a perda progressiva da memória, compreensão e linguagem do paciente – se agravem, interferindo na capacidade cognitiva e de convívio social. O conjunto de sintomas que caracteriza o mal de Alzheimer – ou Doença de Alzheimer (DA), como é tratada na literatura médica – foi enumerado pela primeira vez em 1906 por um médico alemão. Alois Alzheimer descreveu os sintomas de sua paciente Auguste Deter e criou um referencial para futuros diagnósticos. Mas, apesar de ser amplamente estudada, a doença ainda não tem cura.
 
Atualmente, o FDA norte-americano, que regulamenta a distribuição de medicamentos naquele país, tem cinco drogas aprovadas para o tratamento dos sintomas em diferentes estágios da doença. Mas os pesquisadores estão em busca de outras armas. Dois estudos simultâneos, apresentados recentemente em uma conferência sobre neurologia em Boston, nos Estados Unidos, trouxeram algum alento a quem já desenvolveu a DA. Eles confirmam resultados positivos em 34% de pacientes nos testes de uma nova droga: a solanezumab tenta limpar os depósitos de placas que interferem no funcionamento do cérebro dos pacientes. Cientistas querem identificar a doença antes que ela provoque danos no cérebro.
 
Diagnóstico
 
No final do ano passado, cientistas da Universidade americana de Columbia identificaram alterações na densidade da massa cinzenta de indivíduos entre 18 e 26 anos pertencentes a um grupo populacional específico que teria uma predisposição para desenvolver uma forma rara da DA, ligada a fatores genéticos. Nos pacientes com a mutação, os cientistas também encontraram no líquor altos níveis de uma proteína chamada Beta-amilóide, que aparece na formação das placas senis encontradas no cérebro dos doentes. “As descobertas sugerem que as mudanças neurodegenerativas ocorrem mais de 20 anos antes dos primeiro sintomas e antes ainda do que sugeriam pesquisas anteriores”, comentou Nick Fox, do Centro de Pesquisa sobre a Demência da Universidade College de Londres. Um grupo de 80 cientistas liderados pela mesma universidade apresentou outro avanço. Eles encontraram uma ocorrência maior de um gene em particular – o R47H – em quantidades significativamente elevadas em um grupo de pacientes com Alzheimer em relação a um grupo de controle.
 
A coordenadora da pesquisa, Rita Guerreiro, explica que se trata de uma variante muito rara, presente em apenas 0,2% da população e que, embora não seja a causadora da doença, é um fator de risco. "Esta é uma das descobertas mais influentes dos últimos 20 anos porque é um gene novo que tem uma variante com um risco médio ou forte. Isto vai permitir estudar novos genes, novas proteínas, novas moléculas que vão interagir com este gene", resumiu Rita Guerreiro. Já outra equipe de pesquisadores, do centro de CODE Genetics, na Islândia, estudou o genoma completo de 1.795 pessoas do país e identificou uma mutação de um gene, o APP, que seria responsável pela redução em até 40% da formação da proteína amilóide em idosos saudáveis. O estudo mostrou que a função cognitiva estava mais preservada nos idosos entre 80 e 100 anos que possuem o tal gene do que em outros que não possuem. O coordenador da equipe, Kari Stefansson, disse tratar-se “do primeiro exemplo de uma alteração genética que confere proteção forte contra a doença de Alzheimer”.
 
Na avaliação dos especialistas, essa mutação genética tem o poder de bloquear a deterioração cognitiva dos idosos e pode ser um novo ponto de partida para o desenvolvimento de fármacos mais eficazes contra a doença.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Brasileiros desvendam elo entre Alzheimer e depressão

Quero deixar aqui uma observação de que eu sou totalmente contra testes em animais e tenho embasamento para dizer que muitos desses testes não funcionam da mesma forma em humanos. Porém, achei interessante a conclusão desses pesquisadores porque, no caso da minha avó, tenho certeza de que a depressão influenciou e MUITO no desenvolvimento do seu Alzheimer!
 
Minha avó sempre foi muito depressiva e pessimistra, como já citei anteriormente, sempre foi aquele tipo de pessoa que só vê o lado negativo da vida. Então não me admira em nada que isso tenha influenciado drasticamente no avanço do Alzheimer. A neurologista disse exatamente isso essa semana para a minha mãe: que ela precisa se cuidar, descansar, se distrair e evitar o máximo que puder entrar em depressão por causa da situação com a minha avó, pois, como ela já possui uma predisposição genética para o Alzheimer, a depressão pode ser o gatilho final para o início da doença!
 
Então, fica a dica para todos! Eu sei que, numa situação onde precisamos lidar diariamente com um doente, parece quase impossível não se deprimir! Eu mesma acho que não daria conta de conviver com a minha avó e não me afundar numa depressão profunda! Mas isso pode ser, realmente, o fundo do poço para alguém com predisposição para o Alzheimer!

Se você encontra-se numa situação parecida, procure ajuda! Não se deixe vencer pela depressão!
 
Abaixo o link completo para a notícia:

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/01/07/brasileiros-desvendam-elo-entre-alzheimer-e-depressao.htm

Relato sobre os dias 6 e 7 de Fevereiro de 2013

Como eu havia citado anteriormente aqui no blog, no dia 5 a M. começou a dormir na casa da minha avó para minha mãe descansar.
 
Até então eu não tinha notícias de como havia sido essa noite, mas hoje, conversando pelo telefone com minha mãe, fiquei sabendo de tudo o que ocorreu.
 
Minha mãe contou que deixou a M. com a minha avó e voltou para casa na noite do dia 5, dormiu e acordou às 6h da manhã para trabalhar. Alguns minutos depois de ter acordado, o telefone toca. Quando ela olhou o identificador de chamadas, era da casa da minha avó! Na mesma hora ela estremeceu! Atendeu e era a M., pedindo para minha mãe passar na casa da minha avó antes de ir trabalhar. Segundo ela, minha avó havia passado quase a noite toda em claro pedindo para "ir para casa" e desde às 4h da manhã estava acordada dando escândalo e, naquele exato momento, 6h da manhã (com o dia ainda escuro!), estava sentada na varanda esperando para alguém abrir o portão e ela poder sair!!!!
 
Bom, minha mãe, obviamente, ficou super nervosa e foi até a casa da minha avó. Chegando lá, deu uma "bronca" nela e a fez voltar para a cama. Nota: geralmente minha avó só obedece quando minha mãe dá bronca nela! É meio como se ela fosse uma criança! Quando ela está em crise, não dá ouvidos a NINGUÉM! Complicado!
 
Depois disso minha mãe deixou minha avó com a M. outra vez e foi trabalhar (ela é professora). Disse que ficou tão nervosa que meu pai precisou levá-la de carro! Coitada...
 
Enfim... ela disse que escreveu uma carta para o psiquiatra e no dia 6 mesmo (Quarta-feira) deixou a carta no consultório e esperou que ele retornasse. O psiquiatra telefonou e os 2 conversaram via telefone. Minha mãe explicou direitinho tudo o que estava acontecendo e ele mandou DOBRAR outra vez a dose do Fumarato de Quetiapina (de 200mg para 400mg!). Ao contrário do que a neurologista alegou, ele disse que isso não causaria nenhum problema para a minha avó e que sim, às vezes é necessário aumentar MUITO a dose desse medicamento para que o idoso com Alzheimer se acalme!
 
Só sei que, depois disso, minha mãe relatou que aumentou a dose no mesmo dia e que de ontem pra hoje minha avó dormiu bem (nem viu que era a M. que estava na casa dela!) e que hoje ficou calma o dia inteiro, mais bem humorada e que quase não pediu para voltar para casa!!! Disse que hoje, às 21h, quando a M. chegou e minha mãe pôde ir para casa, minha avó já estava dormindo e não dava sinais de que acordaria outra vez!
 
Bom, eu espero de coração que a dose maior desse medicamento surta efeito e que minha avó continue calma durante o dia e dormindo durante a noite! Depois da noite "tensa" do dia 5, minha mãe ficou até com medo que a M. desistisse de dormir com a minha avó, mas não, ela não desistiu. Menos mal!
 
Um detalhe sobre a minha avó: quando ela está calma e bem humorada, mesmo não "reconhecendo" sua própria casa, ela se mantém "conformada" com a ideia de estar numa "casa estranha"! Hoje, por exemplo, antes de colocá-la na cama, minha mãe relatou que ela pediu para ir para sua casa, porém, minha mãe alegou que estava muito tarde para saírem na rua e minha avó aceitou, dizendo que dormiria ali mesmo e que na manhã seguinte "voltaria" para sua casa! Isso não acontece quando ela está nas suas crises depressivas e de mau humor! Quando ela fica agitada e nervosa, nada a convence e ela não sossega até que alguém dê uma volta com ela na rua e "simule" levá-la de volta para sua casa! Esses momentos de tranquilidade parecem ser resultado do aumento da dose do Fumarato de Quetiapina! Veremos se realmente continuará resolvendo o problema nos próximos dias...

Nota importante: NUNCA aumente ou mude a dose de um medicamento sem antes conversar com o médico! Os medicamentos e doses que eu cito aqui no blog são ajustados para o caso da minha avó e podem não funcionar ou serem prejudiciais para outra pessoa!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sobre a desorientação do doente de Alzheimer

A desorientação espacial é uma característica comum nos doentes de Alzheimer, especialmente nos que estão num estágio mais moderado da doença (caso da minha avó).
 
Nesse link há uma explicação científica bacana sobre essa desorientação:
 
Pela experiência com a minha avó e pelo que vejo de relatos de outras pessoas que possuem parentes com a doença, o "ápice" dessa desorientação chega quando o doente não reconhece mais sua própria casa! E é sobre isso que eu quero falar.
 
Como é curiosa essa característica dos doentes de Alzheimer! É difícil compreender como uma pessoa pode sair da sua própria casa, dar a volta na rua e, minutos depois, voltar para o MESMO lugar e aí, sim, concluir que chegou na sua casa?!?!

Quando levamos minha avó para a rua, ela reconhece a entrada da casa e esse reconhecimento persiste por um tempo (às vezes durante 1h) dentro da casa, mas, logo depois, ela volta a achar que está numa casa estranha. O detalhe é que ela mora na mesma casa há 60 anos, desde que se casou com o meu avô! Nunca morou em nenhum outro lugar, o que deveria ser suficiente para manter um pouco sua orientação, mas não manteve. Muitas vezes ela sequer se recorda que casou com meu avô!
 
Desde que isso tudo começou, notamos os seguintes delírios:
 
- minha avó às vezes fala dos seus pais como se estivessem vivos e diz que quer voltar para a casa deles (que nem existe mais) ou que quer morar com suas irmãs (sendo que as 2 únicas irmãs vivas atualmente são mais velhas que ela e moram com as filhas);
- ela criou a ilusão de que sua casa é, na verdade, a casa da minha mãe! E, mesmo quando reconhece seus objetos pessoais, ela alega que aquela casa "parece" com a sua casa, mas não é a sua casa!
- algumas vezes ela insiste que sua casa é a casa do vizinho que, por acaso, é irmão do meu avô. Ela nunca morou na casa dele (que é bem diferente da dela), mas começou com essa insistência diária de que é lá que ela mora! Muitas vezes precisamos levá-la na rua, deixar que veja a entrada da casa dele e que se convença por si própria que aquela não é a sua casa. Até hoje ela não insistiu em entrar na casa dele, espero que isso nunca aconteça!
 
 O interessante é que, na maior parte do tempo, minha avó reconhece suas coisas (móveis, objetos pessoais, roupas, etc), mas não reconhece o espaço, os cômodos, etc. Quando está de bom humor, ela alega que aqueles objetos parecem com os dela, outra vezes diz que são as coisas dela e que "alguém" deve ter levado tudo para "aquela casa"! Quando está de mau humor (o que é bem mais comum!), ela se torna agressiva, alegando que meus pais roubaram todas as suas coisas e colocaram naquela casa! Minha mãe sempre tenta explicar que, obviamente, se TODAS as coisas dela estão lá, é porque aquela é a sua casa, já que ela (minha mãe) jamais se daria ao trabalho de levar as coisas da minha avó para outro local, mas essa explicação nunca a convence.
 
Não sei se com o tempo ela também parará de reconhecer seus objetos pessoais e se também não reconhecerá mais sua casa ao sair e retornar. A evolução dessa doença não segue exatamente um padrão e geralmente traz surpresas bem desagradáveis!
 
Sinceramente, minha avó está com 82 anos e torço para que ela não viva o suficiente para chegar nos estágios finais do Alzheimer, que são ainda mais terríveis! Vê-la dessa forma já é ruim o suficiente e espero que ela não viva para sofrer durante anos definhando numa cama!

Relato sobre o dia 5 de Fevereiro de 2013

Conversando com minha mãe pelo telefone ontem à noite, ela me relatou como foram os acontecimentos do dia 5.
 
Minha mãe voltou a trabalhar nessa Terça-feira e, pela primeira vez, a M. ficou com a minha avó das 7h até às 12h30min. Tudo correu relativamente bem.
Mas durante a tarde meus pais tiveram que "levar" minha avó de "volta" para casa duas vezes (ou seja, sair com ela para dar uma volta na rua e retornar), pois, como sempre, ela estava muito agitada querendo "ir embora". Sempre que isso acontece é a mesma novela: alguém sai com ela pela rua (às vezes à pé, às vezes de carro) e a outra pessoa tranca toda a casa para que ela veja que estava tudo fechado e acredite por um tempo que aquela é, sim, sua casa!
 
Ela também disse que à tarde uma irmã da minha avó e a filha foram visitá-la, o que foi bom pois a distraiu por um tempo. À noite minha mãe precisou convencê-la outra vez de que aquela era sua casa e de que ela poderia deitar e dormir tranquila, pois não ficaria sozinha. Essa situação está se repetindo constantemente: minha avó se negar a deitar e dormir, com medo de que a gente vá embora quando ela pegar no sono e a deixe sozinha! Às 21h a M. chegou para dormir com a minha avó (meus pais decidiram fazer um esforço e pagá-la para dormir com a minha avó 4 noites por semana), só que minha avó ainda estava acordada (na cama, mas acordada) e minha mãe disse que foi para nossa casa sem avisá-la que a M. ficaria no seu lugar, e disse para a M. que se minha avó acordasse outra vez, que ela deveria dizer que minha mãe precisou sair para dar aula. O problema é que minha avó fica muito agitada quando a M. fica com ela e começa a insistir ainda mais que não está na sua casa! É um saco! Então, minha mãe optou por não contar com antecedência que a M. ficará em sua companhia (já fizemos isso e não deu muito certo).
 
Enfim, não sei como foi a noite com a M., depois que minha mãe me contar deixarei registrado aqui no blog.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Alto nível da proteína homocisteína pode indicar novo fator de risco para a doença

Fonte: Sítio Veg

Associado à degeneração dos neurônios, a doença de Alzheimer também pode ter ligação com a presença excessiva de um tipo de aminoácido, a homocisteína, no sangue. Embora pesquisas já tivessem sugerido essa relação, pela primeira vez um estudo conseguiu comprovar que, quanto maior o nível da proteína, mais chances a pessoa tem de desenvolver a doença. A constatação é do hematologista Dimitri Zylberstein, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
 
– Nosso estudo demonstra uma clara associação entre o índice elevado de homocisteína e a doença de Alzheimer. Esse resultado, assim como os de estudos anteriores, implica que a doença provavelmente não é puramente degenerativa, mas completamente, ou pelo menos parcialmente, de origem vascular – afirma o médico.
 
Um importante amionácido para o metabolismo, a homocisteína é produzida no corpo depois da ingestão de carnes e laticínios. Em excesso, ela prejudica as artérias, formando placas de gorduras que podem levar a infartos e derrames. Estudos anteriores acompanharam por, no máximo, oito anos a relação entre demência e o alto índice da homocisteína. Já o conduzido por Zylberstein foi o primeiro a fazer um acompanhamento a longo prazo, de 35 anos, o que garantiu a certeza dos resultados. Além disso, até hoje não havia associações entre o desenvolvimento de Alzheimer em idosas que, na meia-idade, tinham taxas elevadas do aminoácido.
 
Zylberstein conseguiu fazer essa constatação. Para isso, o médico utilizou uma pesquisa sobre a saúde feminina realizada em Gotemburgo no fim da década de 1960. No total, 1,5 mil mulheres entre 38 e 60 anos tiveram o sangue coletado e deram informações sobre sua saúde em geral. Passadas mais de três décadas, Zylberstein resgatou o resultado e foi a campo, descobrir como estavam, hoje, as voluntárias. Ele descobriu que o Alzheimer teve incidência duas vezes maior nas mulheres que, na época do exame de sangue, tinham índices altos de homocisteína. Em relação aos outros tipos de demência, aquelas com alteração na taxa possuíam 70% mais chances de apresentar o problema. Segundo o cientista, que agora pesquisa a cura do mal, dois aspectos devem ser ressaltados sobre o resultado do estudo.
 
– Em primeiro lugar, a descoberta de que o excesso de homocisteína na meia-idade vai afetar a vida da pessoa muitas décadas depois. Em segundo que, se por um lado, demoram cerca de 15 anos para os efeitos se expressarem nos infartos do miocárdio, a média de surgimento da demência é 22 anos – diz.
 
Para Zylberstein, a cura ainda está distante, mas ele acredita que o resultado da pesquisa poderá ajudar a diminuir a incidência de Alzheimer, já que é possível controlar a taxa do aminoácido, ao se ingerir ácido fólico e vitamina B12.
 
***
 
Eu sou vegetariana restrita (não consumo alimentos de origem animal) e, por isso, sempre pesquiso muito sobre a ligação entre alimentação e as doenças! Achei muito interessante o resultado dessa pesquisa que relaciona os alimentos de origem animal com uma maior chance de desenvolvimento de Alzheimer. Minha avó sempre se alimentou muito mal durante toda a vida, ingerindo muitos alimentos de origem animal, especialmente leite e seus derivados. Atualmente ela alega não gostar mais de carne, porém, sua alimentação continua ruim, pois ela se recusa a comer a maior parte dos alimentos saudáveis! Dificilmente conseguimos convencê-la a comer uma fruta e verduras, por exemplo. Nos últimos anos, quando ainda estava "bem" e escolhia seus próprios alimentos, ela comia basicamente biscoitos, pães e doces. Resumindo: tudo errado. Tento conscientizar minha mãe disso, para que ela se cuide e previna o desenvolvimento da doença, já que nós temos claramente o fator genético para seu desenvolvimento! Espero conseguir fazer tudo o que for possível para não sofrer desse mal no futuro!

Relato sobre o dia 4 de Fevereiro de 2013

Conversei com a minha mãe pelo telefone no dia 4 à noite e ela relatou como foi a ida com a minha avó na consulta com a neurologista.
 
Segundo a médica, tudo o que está acontecendo com a minha avó é normal e esperado para um idoso com Alzheimer. Ela alegou que provavelmente o Fumarato de Quetiapina não resolverá em nada seus delírios de "querer ir para casa" e que minha mãe deve ficar atenta para que o psiquiatra não aumente a dose do medicamente desnecessariamente.
 
Fora isso, ela não disse nada que a gente já não saiba: que minha mãe precisa de ajuda, que precisa de alguém que fique com a minha avó em alguns momentos para que ela possa descansar e suportar a situação. E disse que minha avó está num estágio da doença ainda considerado INICIAL... ou seja, temos um longo e duro caminho pela frente.
 
Por enquanto a M. aceitou dormir algumas noites com a minha avó e ficar durante as manhãs que minha mãe precisa trabalhar. Porém, eu sei que isso ainda não é suficiente! O pior horário é durante às tardes, quando minha avó inicia suas crises de querer ir embora, tornando-se agressiva, e nesses horários será minha mãe que estará com ela TODOS OS DIAS. Minha mãe está sendo bastante relutante quanto à necessidade de pagar outra pessoa para ficar algumas tardes com a minha avó. Compreendo seu temor quanto ao dinheiro, mas não acho que ela aguentará isso por muito tempo.
 
Minha mãe sempre teve a mania de se fazer de forte, mas eu sei que, no fundo, ela não aguenta mais! Eu sei que seu suporte emocional não é assim tão forte. Essa semana que fiquei praticamente o dia todo ajudando com a minha avó foi terrível! Eu me senti tão mal, tão desanimada e triste que emagreci 2kg pois mal conseguia comer!
 
Ontem, enquanto conversávamos pelo telefone, minha mãe disse que minha avó estava no quarto naquele momento tendo mais uma crise histérica de choro, pois, como sempre, não queria dormir "numa casa estranha"! Não sei como as coisas ficaram, se ela dormiu depois ou não.
 
Veremos como serão os próximos dias.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

De volta para BH

Como citei no post anterior, retornei ontem para Belo Horizonte, onde moro e trabalho.
 
A situação com a minha avó está insustentável e ainda não sabemos como lidar com isso. Minha mãe volta a trabalhar amanhã (ela é professora) e combinou com a M. que essa ficará com a minha avó nesses momentos. Minha mãe também decidiu pagar alguém para dormir com a minha avó ao menos algumas noites na semana, e a M. alegou que, se não for todas as noites, que ela mesma aceita dormir! Isso é ótimo pois a M. é uma pessoa de confiança e amiga da família há muitos anos.
 
Mas, ainda assim, isso tudo não é suficiente.
 
Hoje às 17h minha avó tem retorno com a neurologista e na Quarta minha mãe entrará em contato novamente com o psiquiatra para relatar os acontecimentos dos últimos dias e saber se deve manter a dose de 200mg do Fumarato de Quetiapina.
 
Eu, sinceramente, acho que esse medicamento não está fazendo grande diferença e, por uma terrível coincidência, minha avó começou a ficar agressiva e "sonâmbula" durante a noite após o aumento da dosagem, o que pode ser uma coincidência ou não.
 
Na minha opinião, é questão de tempo para que minha mãe não suporte mais essa situação.
 
Já tive várias conversas sérias com meus pais e mostrei que, se for necessário, podemos fazer um esforço e arcar com a mensalidade da casa de repouso! Mas minha mãe ainda reluta quanto a esse assunto. Se alugarmos a casa da minha avó, poderemos usar o dinheiro para ajudar a pagar a casa de repouso, por exemplo. Também pretendo ajudar com uma quantia mensal e começarei a procurar outro emprego com um salário maior (sou enfermeira) para que, dessa forma, possa ajudá-los a bancar a casa de repouso.
 
Temo que minha mãe e meu pai acabem passando mal, surtando ou tendo qualquer outro problema grave de saúde caso continuem lidando sozinhos com a minha avó. Sei que eles não têm condições emocionais de suportar tudo isso.
 
Muitas pessoas podem pensar "Ah, mas se vocês conseguem arrumar 2.500 reais para pagar a casa de repouso, podem muito bem pagar alguém para cuidar dela em sua própria casa."
Mas, infelizmente, não é bem assim!
Pagar cuidadores por 24h ocasionará um custo ainda maior! Cuidadores de idosos na cidade dos meus pais custam caro e dificilmente encontraríamos alguém que aceitaria ficar com a minha avó (que é agressiva e dá muito trabalho). A única forma da minha mãe poder finalmente descansar e voltar a ter uma vida é, infelizmente, colocar minha avó na casa de repouso! Claro que gostaríamos de poder arcar com cuidadores 24h por dia na casa da minha avó, sabemos que isso seria o ideal, mas o ideal está longe de ser o possível.
 
Veremos como serão os próximos dias.
Continuarei atualizando o blog com os relatos da minha mãe via telefone.

3 de Fevereiro de 2013

Domingo.
 
Logo pela manhã, quando foi até a casa da minha avó, minha mãe soube através da M. que, na noite anterior, minha avó ainda continuou chorando por um tempo mas, logo depois, parou e quis ir ao banheiro. A M. a levou, depois ela pediu um pouco de café, a M. deu e, em seguida, ela aceitou ir para a cama novamente e acabou dormindo.
 
Minha avó acordou um pouco mal humorada no Domingo, porém, como sempre, não se lembrava de NADA ocorrido na noite anterior (nem mesmo que a M. havia passado a noite com ela). Ficou calma até a hora do almoço, mas logo depois começou a "novela" de insistir que precisava voltar para sua casa.
 
Como eu retornaria para Belo Horizonte no Domingo à tarde, tentamos convencê-la de esperar para que pudesse se despedir de mim. Ela acabou aceitando e, após o almoço, levei-a para o quarto e a convenci a deitar e descansar um pouco até a hora do café. Ela aceitou, a colocamos na cama e meu pai ficou com ela enquanto eu e minha mãe fomos para a casa deles para que eu arrumasse minha mala.
 
Porém, alguns minutos depois meu pai telefonou dizendo que ela havia acordado e estava nervosa, insistindo em ir embora. Ele tentou convencê-la a esperar por mim, mas nada estava funcionando. Ainda assim ele continuou sozinho com ela, para que eu pudesse arrumar minhas coisas e para que minha mãe pudesse descansar um pouco.
 
Às 14h voltamos para a casa da minha avó e a situação já estava insuportável outra vez!
 
Minha avó havia dado vários escândalos tentando ir embora e meu pai precisou esconder todas as chaves da casa. Ele estava super nervoso e abalado e fiquei com um medo real que meu pai passasse mal (ele é uma pessoa muito nervosa, ansiosa e, para piorar, é hipertenso). Minha avó encontrava-se sentada numa cadeira na varanda, resmungando e tentando arrancar sua fralda. A convenci a esperar um pouco. Minha mãe fez café e esperamos a prima dela e o marido chegarem às 15h (eles se ofereceram para ficar com a minha avó enquanto meus pais me levariam para dar um "oi" para minha outra avó, que mora na cidade ao lado, e, posteriormente, ao aeroporto).
Um pouco antes das 15h tentamos convencer minha avó a ir para o quarto para que trocássemos sua fralda, e foi uma luta! Ela não queria ir, ficou agressiva, nos xingou, mas ignoramos e a levamos assim mesmo. Troquei rápido sua fralda e logo em seguida a levamos de volta para a varanda. Nisso a prima da minha mãe e o marido chegaram e a distraíram enquanto meu pai foi para a nossa casa trocar de roupa e buscar minha mala e o carro. Ficamos preocupadas porque meu pai não parecia estar bem.
Alguns minutos depois ele chegou, eu me despedi da prima da minha mãe e do marido e depois da minha avó. Ela quis se levantar para ir embora junto comigo, mas a convencemos de que a prima da minha mãe a levaria e ela aceitou.
 
Essa foi a última vez que estive com a minha avó. Foi uma tarde terrível.
Meu pai permaneceu o resto da tarde abalado. Ficamos com medo que ele não desse conta de dirigir, mas, no fim, deu tudo certo. Fomos até a casa da minha outra avó, tomamos café e às 17h chegamos no aeroporto.
 
Cheguei em Belo Horizonte as 19h30min e conversei pelo telefone com meus pais às 20h30min.
Minha mãe contou que sua prima e o marido levaram minha avó para passear na casa deles, conseguiram distraí-la uma parte da tarde e depois a levaram de volta para sua casa. Porém, antes de dormir, minha avó voltou a insistir em voltar para sua casa. Minha mãe a colocou na cama e, às 21h15min, nos falamos outra vez e ela disse que até então minha avó continuava quieta na cama.
 
Não sei o que aconteceu depois disso.

2 de Fevereiro de 2013

Sábado.
Minha avó acordou de bom humor e permaneceu dessa forma praticamente o dia todo. Em alguns momentos logo após o almoço começou a dizer que não sabia de quem era aquela casa onde se encontrava (sua casa!), mas parecia "conformada" em estar ali. Tentamos distraí-la para que a tarde transcorresse bem.
 
Ela recebeu a visita de uma amiga e de uma prima da minha mãe e seu marido. Não ficou agressiva e não começou com seus acessos de desespero em "voltar para casa", pelo contrário, permaneceu sentada na sala tranquilamente.
 
Durante a tarde minha mãe combinou com a M. de passar a noite com a minha avó, para que pudéssemos sair para comer fora e espairecer um pouco. Pedimos para que a M. chegasse às 21h30min, para que, dessa forma, tentássemos fazer minha avó dormir antes, pois SEMPRE que vê a M. ela não dorme e dá trabalho a noite toda!
 
À noite, sozinha comigo e com a minha mãe, ela começou a dizer que precisava saber como estava sua casa. Porém, alegou ter medo de ficar sozinha por "lá", e minha mãe aproveitou isso para dizer que, então, seria melhor se ela ficasse ali com a gente. Ela pareceu aceitar.
 
Jantou, comeu sobremesa e quis ir ao banheiro. Levamos. Logo em seguida já a conduzimos para o quarto, trocamos sua fralda e sua roupa e a colocamos para dormir. Ela insistiu que, se fôssemos embora, ela também iria, e precisamos repetir várias e várias vezes que não iríamos embora e que ela não ficaria sozinha.
 
Por fim, ela pareceu se conformar e ficou na cama. Eu e minha mãe ligamos a TV da sala baixinho e ficamos assistindo.
 
Tudo parecia ir bem quando, de repente, às 20h30min, espiei minha avó pela porta do quarto e vi que ela estava tentando levantar da cama. Fomos até lá saber o que estava acontecendo e notamos que ela já estava diferente, com aquele semblante estranho que ela fica quando se torna agressiva. É como se fosse uma segunda personalidade ou então um acesso de sonambulismo. Ela estava brava, dizendo que iria levantar e ir para sua casa sozinha. Minha mãe custou a convencê-la de que passaríamos a noite ali e que, se ela quisesse, no dia seguinte a "levaríamos" embora. Mas ela não aceitava de jeito nenhum!
 
Nota: o psiquiatra disse que é errado entrar no "devaneio" do idoso com Alzheimer de que aquela não é a sua casa e também é errado insistir que é, sim, a sua casa! Segundo ele, o correto é ignorar e mudar de assunto! Porém, isso infelizmente não funciona com a minha avó! Ela insiste no assunto o tempo INTEIRO e é impossível mudar de assunto! E, quando se torna agressiva, ela levanta e fica impossível controlá-la. Gostaria que o psiquiatra passasse 2 dias ao lado dela para compreender a situação real!!!
 
Ela ainda tentou levantar da cama 3 vezes seguidas.
Na terceira fui até o quarto e tentei convencê-la a ficar na cama. Nesse momento ela já estava extremamente agressiva. Não me bateu, mas gritou, me xingou e me mandou ir embora. Disse que não dormiria ali, que iria levantar, e várias outras coisas. Empurrou minha mão e continuou tentando descer da cama. Nesse momento a M. chegou e minha mãe entrou no quarto e ficou brava, o que fez com que minha avó começasse um acesso de choro. A M. disse que poderíamos ir embora, que ela daria um jeito na situação, e fomos. Nosso plano de fazê-la dormir antes que a M. chegasse foi assim por água a baixo.
 
Chegamos na nossa casa às 21h50min, mais ou menos. Eu e minha mãe estávamos super abaladas com o ocorrido e com medo que a situação ficasse muito insustentável e a M. telefonasse para o celular da minha mãe. Mesmo assim nos arrumamos correndo e saímos (eu, minha mãe e meu pai). Fomos num barzinho comer alguma coisa e espairecer. Mas o clima estava pesado e demoramos até sermos capazes de relaxar. Minhas pernas e braços tremiam de estresse.

1 de Fevereiro de 2013

Hoje foi um dia completamente atípico.
 
Após a terrível noite anterior, minha avó acordou mais tranquila e não pediu para voltar para sua casa em nenhum momento. Logo após o almoço avisamos que ela iria ao médico (ortopedista, retorno após a fratura no braço direito em Dezembro) e ela aceitou razoavelmente bem. Quis dormir um pouco após o almoço e deixamos. Acordei-a às 13h30min para tomar banho e tomar café. Às 14h40min meu pai pegou o carro em casa e passou para buscá-la, minha mãe a acompanhou ao ortopedista e fiquei em casa descansando.
 
Às 16h20min minha mãe telefonou pedindo para que meu pai fosse buscá-las. Tive então a ideia de levar minha avó para a nossa casa (nosso quintal faz divisa com o quintal da casa dela) e tentar mantê-la lá por um tempo, na tentativa de que o fato de estar REALMENTE em outra casa deixasse sua cabecinha menos confusa e facilitasse o momento de levá-la de verdade para sua casa!
 
E assim meus pais fizeram.
Levaram minha avó para a nossa casa e a colocamos sentada na sala, vendo TV e demos pedaços de melão picadinhos para ela comer. Ela aceitou. Então eu e minha mãe aproveitamos para sair e fazer uma caminhada. Quando voltamos, 1 hora depois, a coisa estava começando a se complicar! Minha avó já estava super agitada, querendo de qualquer jeito levantar e ir embora. Meu pai já começava a ficar desesperado! O jeito foi levá-la de uma vez para sua casa. Levamos e ela manteve o bom humor! A colocamos para assistir a missa na TV e ela continuou ciente de que aquela era sua casa. Começou a chorar sozinha num certo momento e, quando questionamos o motivo, alegou ser por "tristeza". Nota: minha avó sempre foi extremamente depressiva e pessimista, aquele tipo de pessoa que só vê o lado ruim de tudo... logo, ela afirmar que está triste não é nenhuma novidade!
 
Ela aceitou jantar, tomou seus remédios e às 20h30min já estava na cama. Demonstrou continuar ciente de que aquela era SIM sua casa (coisa rara, já que, no momento de dormir, ela quase SEMPRE afirma que não está na sua casa!) e alegou estar com medo de ficar sozinha! Dissemos que ela podia dormir tranquila pois não ficaria sozinha, e ela aceitou. Chamou minha mãe 2x para questionar se havíamos trancado a porta e os portões, minha mãe respondeu que sim e, finalmente, ela dormiu.
Eu e minha mãe continuamos na sala vendo TV e quase não acreditamos que tudo havia sido TÃO fácil! Mas, foi! Ela dormiu direto a noite inteira! Minha mãe ficou com ela outra vez e voltei para a casa dos meus pais.
 
Como eu disse, esse foi um dia totalmente atípico! Ficamos esperançosos com o aumento da dose da Quetiapina. 
Mas, mal sabíamos o que nos esperava no dia seguinte... 

31 de Janeiro de 2013

(Escrevo esse relato com um atraso de 3 dias e por isso as lembranças não estão muito frescas na minha memória).
 
Hoje, como sempre, tivemos que levar minha avó para dar uma volta de carro e simular levá-la "de volta para sua casa", só assim ela se conformou e parou de insistir que precisava voltar para sua casa.
 
Foi um dia difícil. Mas o pior estava por vir.
À noite, quando a colocamos na cama, ela voltou a insistir que não estava na sua casa e tivemos dificuldade em convencê-la a deitar e dormir. Ela acordou várias vezes, sempre agressiva, tentando sair da cama a qualquer custo e alegando que voltaria para sua casa. Tentamos convencê-la de todas as formas a voltar a dormir, mas, por fim, minha mãe perdeu a paciência e acabou sendo mais rígida, falando com ela num tom de voz mais alto, como se desse bronca numa criança. Isso a deixou ainda mais furiosa e ela agrediu minha mãe.
 
Por fim, após muito estresse, ela acabou se conformando e após algum tempo dormiu.
Eu ia passar a noite com ela, mas minha mãe resolveu ficar no meu lugar, temendo que minha avó voltasse a acordar e ficasse agressiva novamente.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sobre a institucionalização de idosos com Doença de Alzheimer


Sempre fui relutante quando o assunto era a institucionalização de idosos, ou, em outras palavras, colocá-los numa casa de repouso. Sempre achei que isso não era uma atitude correta e que jamais seria capaz de colocar uma pessoa que amo num lugar desses.

Porém, muita coisa mudou na minha forma de enxergar as coisas.

Após passar por todas as dificuldades que passamos com meu avô, insuficiente renal, e agora com a minha avó, que encontra-se num estágio moderado de Alzheimer, afirmo com todas as letras que sou 100% a favor da institucionalização de idosos com algum tipo de demência. Só quem já passou por uma situação parecida sabe o quanto tudo pode se tornar insustentável e como um idoso com Alzheimer pode acabar com a saúde física e mental de todos ao seu redor. É o que está acontecendo atualmente com a minha família.
Minha mãe, filha única, é a única cuidadora "oficial" da minha avó. Meu pai a ajuda em tudo que pode, e eu, sempre que posso, viajo para passar uns dias por aqui e ajudar, mas, no geral, quem fica com a pior parte é a minha mãe. E ela está visivelmente esgotada. 
Minha mãe sempre foi relutante sobre colocar um de seus pais numa casa de repouso, porém, atualmente, creio que, se tivéssemos condições financeiras, ela aceitaria.
E aí entra o maior problema da história: dinheiro. Sempre o maldito dinheiro!
O salário dos meus pais (e o meu também!) não dá conta de pagar a mensalidade de uma casa de repouso, e minha avó recebe apenas 1 salário mínimo de pensão do meu avô. Aqui na cidade existe somente uma casa de repouso particular e a mensalidade gira em torno de 2500 reais mensais, fora o custo com medicação, fraldas e outros gastos pessoais. Ou seja, inviável! Para manter minha avó num lugar desses, teríamos que vender algum imóvel e, mesmo assim, correndo o risco do dinheiro acabar enquanto ela ainda estiver viva. 
Por enquanto não conseguimos encontrar uma alternativa. A ideia era encontrar uma pessoa para cuidar da minha avó ao menos numa parte do dia, para que, dessa forma, minha mãe possa descansar um pouco. A M., faxineira da casa dos meus pais, aceitou ajudar ficando com a minha avó alguns dias, mas ainda assim será muito pouco. O ideal seria contratar alguém para ficar pelo menos umas 12h por dia com a minha avó. O problema é que os cuidadores de idosos cobram muito caro e poucos aceitam cuidar de um idoso com Alzheimer como a minha avó: extremamente agressiva, depressiva e de personalidade difícil.
Por hora vamos levando como for possível, mas não sei até quando minha mãe suportará essa situação.
A conclusão que tiro disso tudo é que sim, a institucionalização de idosos com Alzheimer é a melhor solução! Mas, infelizmente, isso custa caro. Acho que o governo deveria dar um suporte em situações como essa, porém, todos estamos cansados de saber que o governo brasileiro está pouco se lixando com a saúde, especialmente com os idosos.

Ontem, após um dia difícil e uma noite complicada (minha avó teve um acesso de sonambulismo e agressividade e não queria ficar na cama), comecei a cogitar seriamente a hipótese de arrumar dinheiro para institucionalizar minha avó. Talvez, se eu arrumar outro emprego, possa usar esse dinheiro para ajudar meus pais a pagar a mensalidade. Estou pensando numa solução, pois, do jeito que as coisas estão, ninguém suportará por muito tempo. Tenho muito medo que minha mãe também surte.

E assim é a nossa vida e de outras famílias com idosos com Doença de Alzheimer e outros tipos de demência.



30 de Janeiro de 2013


Hoje o dia foi terrível. Minha avó teve vários surtos de choro e agressividade, várias vezes ao dia. Foi insuportável.
Por fim, às 19h30min tivemos que colocá-la no carro e dar a volta no quarteirão para simular levá-la de volta para casa, pois a situação estava insustentável. Consegui fazê-la jantar, tomar seus remédios e deitar na cama. 
Porém, cerca de meia hora depois ela começou a querer levantar outra vez. Isso foi novidade pois, geralmente, ela deita e dorme a noite toda. Desconfiamos que possa ser consequência do aumento da dose do antipsicótico (fumarato de quetiapina) de 100mg para 200mg (ordens do psiquiatra). Conseguimos ajeitá-la na cama novamente com dificuldade. Ela ainda tentou levantar mais uma vez depois disso e consegui convencê-la a ficar na cama. Tive um momento de desespero com a possibilidade dela delirar a noite toda! Porém, parece que ela pegou no sono, finalmente. Agora são 22h30min e ela dorme. Estou esgotada e em breve dormirei também. 

Hoje, após conversar com o psiquiatra da minha avó, minha mãe foi instruída a dobrar a dose do antipsicótico (como citei anteriormente). Segundo ele, esse medicamento a ajudará a ter menos delírios e a se "situar" no tempo e espaço. Mas, sinceramente, não sei! Veremos como serão os próximos dias.

A verdade é que todos estão esgotados: eu, minha mãe e meu pai. Principalmente minha mãe, que é a cuidadora principal e quem fica quase o tempo inteiro com a minha avó. Se as coisas continuarem desse jeito, não sei se minha mãe aguentará. Ela está exausta! O que fazer?