segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um desabafo sobre o Alzheimer e meu desejo para o futuro

Já faz algum tempo que cheguei à conclusão de que o câncer não é a pior doença que pode acometer uma pessoa. A pior doença é o Alzheimer. E sobre isso eu posso falar com bastante conhecimento de causa.
 
Imagino que não exista nada pior do que perder todas as lembranças de uma vida inteira, esquecer
todos os lugares que fizeram parte de seus dias, ter apagada de sua memória todas as pessoas que amou e que um dia foram muito importantes para você. A pessoa com Alzheimer vive presa num mundo solitário e confuso, sofrendo dia após dia por não se recordar dos familiares e amigos que ainda estão vivos e por não se recordar da morte dos que já se foram.
E é um sofrimento sem fim, pois essa doença pode surgir muito cedo e roubar anos da vida de uma pessoa, e ela será obrigada a conviver com isso, todos os dias, pelo resto de sua vida, pois não existe cura... e, antes de perder toda sua memória, saberá que isso invariavelmente acontecerá algum dia e que seu corpo sobreviverá às suas lembranças, talvez por anos a fio...
 
Beira o insuportável ver o sofrimento diário da minha avó, chorando de saudades do seu pai e da sua mãe, os quais ela não se recorda que morreram há décadas! Ela sofre pois não sabe para onde ir, não reconhece suas próprias coisas, não sabe onde mora, não sabe onde dormirá à noite e nem se recorda se comeu ou não naquele dia. Em um desses dias ela chorou procurando pela "sua menina" (talvez pensando em minha mãe quando ainda era um bebê), desesperada por não saber onde ela estava e se estava limpa e alimentada!
 
O diagnóstico do Alzheimer foi feito em 2005, quando ela estava com 75 anos. Desde então a doença
manteve-se controlada por quase 8 anos, mas há cerca de 1 ano uma gama de acontecimentos fez com que a doença evoluísse de uma forma monstruosa e sem volta.
 
Em Dezembro de 2012 perdi minha avó para um mundo que não temos acesso.
 
Meu desejo para o futuro é que talvez, algum dia, tanto o Alzheimer como qualquer outro tipo de demência possa ser diagnosticada e, quem sabe, revertida... e que, mesmo que nossos corpos padeçam em seus envelhecimentos, mesmo que nossas forças se esvaiam e o fim chegue com a idade, possamos viver até o último segundo com as lembranças felizes acumuladas durante toda uma vida, com a certeza do carinho e com o reconhecimento dos entes amados.
 

2 comentários:

Anônimo disse...

QUERIA conversar mais com vc estou vivendo coisa parecida mas talvez bem pior. não tenho conta google, se vc tivesse um email pra publicar

Maíra disse...

Olá Anônimo, se quiser podemos conversar, meu email é o mairarigobello@yahoo.com.br!

Abs!